“Tenho
42 anos, duas filhas do primeiro casamento e sou independente financeiramente. Acho
que sou boa na cama, gosto de me arrumar e de cuidar de mim. Em 2006 conheci um
cara pela internet e nos apaixonamos. Em 2008 comprei uma casa e resolvemos morar
juntos apesar de minhas filhas nunca terem aprovado. Ele havia sido casado 2
vezes. A segunda ex mulher faleceu e a filha deles de 9 anos veio morar
conosco. Com a minha permissão, claro. Antes disso, o filho dele do 1º
casamento já morava conosco. Agora estou atravessando uma barra. Em agosto do
ano passado ele me emprestou o celular e descobri a mensagem de uma fulana
tratando-o de amor. Descobri que ela é casada e saía com ele de vez em quando
para o motel. Ele sempre negou... E ainda tenta dizer que eu preciso me tratar
porque é TPM. Ele nunca dormiu fora de casa. Descobri que eles se encontravam
no início da manhã, na hora do almoço ou no meio da tarde. Sabe o que eu não
entendo? Todos os dias fazemos amor e ele diz que nunca ninguém fez como eu, que
me ama...Quero saber qual a necessidade desse homem em ter outra mulher se
todos os dias fazemos amor, fazemos de tudo na cama, tudo o que queremos, sem
pudor, sem reserva. Não consigo entender. Agora descobri que ele tem uma rede
social de mulheres na internet. A maioria casada ou com algum compromisso. Ele
é doente? Não consigo entender como uma pessoa à noite faz amor e na manhã do
dia seguinte está à caça de uma mulher qualquer, chamando-a para ir ao motel.
Gostaria de entender essa situação. Estou muito magoada.”
Homens
e mulheres amam de formas diferentes e isso não constitui uma novidade. No
entanto, as variantes e os modos de amar muitas vezes são motivo de conflito
entre os casais. Pertencer à uma ‘rede de mulheres’ talvez determine o que é
ser homem para alguns. E a angustiante necessidade que ele possui se alimenta
de mais angústia, pois exige muita cautela em não ser descoberto. Talvez o fato
de se relacionar, mesmo que virtualmente, com várias mulheres revele o temor à
impotência em um sentido mais amplo além do sexual, e também uma fragilidade e
sentimento de desvalorização que o acompanha desde sempre. Suposições em torno
de uma questão que pertence à ele. Afinal ele possui profundos motivos
inconscientes para agir assim. Mas o que será que move você à determinadas
escolhas? Você faz tudo pela relação. Compra uma casa e resolve morar com ele
apesar da desaprovação de suas filhas. Não tenha tanta certeza quanto ao
suposto controle que você tem da situação, desafiando opiniões ou dando ‘permissão’
para que a filha dele, menor de idade e em desamparo, tenha ido morar com
vocês. Se você não tivesse permitido, como teria ficado a relação?
Pode
ser que você esteja certa e que ele a venha traindo há algum tempo. Mas pode
ser que você também esteja certa e que ele não tenha nada com ninguém além de
você. Explico. No seu email você repete a palavra ‘descobri’ algumas vezes. E
convenhamos que só descobre quem anda procurando. E o que você vem buscando faz
parte de uma fantasia de traição.
Faça
um exame em sua vida e em vez de tentar ‘descobrir’ o que ele vem fazendo,
procure entender o que influencia você à determinadas escolhas que a fazem agir
de forma tão insegura. As relações amorosas na vida adulta se baseiam nas
situações primitivas entre pais, irmãos, irmãs e todos os sentimentos e emoções
que envolvem essas experiências. As relações adultas contêm, além de
reminiscências da experiência infantil, elementos mais recentes de outras
relações amorosas. A medida que você entrar em contato com essas informações e
descobrir outro lado em você, começará a entender suas reais necessidades e
expectativas dentro da relação atual.
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