4 de dezembro de 2009

Você tem resiliência?



O termo vem da Física e, segundo o dicionário Aurélio, consiste na propriedade pela qual a energia armazenada em um corpo deformado é devolvida quando cessa a tensão causadora de uma deformação elástica. Ou seja, o material volta à sua forma original depois da tensão sofrida.



Em psicologia é a capacidade de superação e crescimento mesmo diante da adversidade. Sempre conhecemos alguém que trabalha e mesmo assim vive em um orçamento apertado, outro cria filhos sozinho, enfrenta falência, desemprego, doença e ainda assim parecem estar bem e conseguem ultrapassar obstáculos.

Resiliência não diz respeito a um trauma maior ou menor, pois isso criaria uma escala de sofrimento. E dor não se quantifica. Algumas pessoas resistem à morte de um filho e, no entanto, outras dão fim a própria vida quando são demitidas do trabalho. Portanto, resiliência diz respeito a uma reflexão sofre a vida no momento de um trauma.

O sofrimento é inevitável, porém a capacidade de enfrentar as questões é que permite a superação de um trauma.

Os primeiros anos de vida podem definir a capacidade resiliente. O ambiente em que a criança vive determina as condições futuras de um adulto confiante, pronto a superar dificuldades e criativo no que se refere a alternativas quando tudo parece não acontecer como esperado.

A criança que recebe de seus pais uma resposta favorável diante das adversidades e insucessos prossegue confiante em seu desenvolvimento. Esse não é o caso de ser condescendente com atitudes antisociais como furtos, transgressões morais ou excessos de vontades satisfeitas. Importante também ressaltar que o conceito de família diz respeito ao meio social em que a criança estava inserida. Um abrigo infantil filiado à uma ONG ou uma família que recebe a criança por um longo período, muitas vezes proporciona um acolhimento bastante diferente da família de origem de uma criança que tenha sofrido violência e maus tratos, por exemplo. O mesmo acontece com crianças órfãs que dividem o mesmo espaço com cuidadores responsáveis. Mas essas condições nem sempre estão presentes. 

Alguns conseguem superar as dificuldades e restaurar simbolicamente uma família perfeita com seus recursos internos, independente das adversidades familiares e sociais. E nessa tentativa de superação não há espaço para o papel de vitima e descobre-se, então, forças para reagir negando a si mesmo o sofrimento que lhe é infligido. Um excesso de humor frente às dificuldades, também é uma forma de tentar modificar o próprio cenário, criando condições para enfrentar o mundo e preservar a própria imagem .

Portanto os fatores que criam condições para que o sujeito tenha resiliência possui tanta plasticidade quanto o próprio conceito.

Acredito que a eureca para ser resiliente consiste em uma só competência. Criatividade. Ter jogo de cintura para sair do impasse, do sofrimento e da dúvida. Encontrar novas maneiras de lidar com situações difíceis e se reorganizar.

O mais importante é saber que por trás de um conceito nobre e de toda essa potência humana pode existir um sujeito destruído emocionalmente. Mas que tenta se superar e traçar uma nova história.