1 de outubro de 2009

Criando filhos, criando netos.

Email recebido de uma leitora:

“Tenho 52 anos de idade, sou viúva há 8 anos...agora que estou mais conformada, pensei que iria ter um pouco de tranqüilidade na vida e me enganei...minha filha tem 22 anos, mora comigo e tem um filho de 5 anos de idade. Ela não quer saber de nada, o pai da criança muito menos. Sobra tudo para mim e o que é pior. Ela não faz nada o dia inteiro, não cuida do menino, não faz uma comida, nada. Quem faz tudo sou eu. Ela dorme o dia inteiro e a noite ela sai. Outro dia o menino foi com a blusa do colégio suja do dia anterior porque ela não tinha lavado. Estavam todas sujas. Nem para colocar na máquina e apertar o botão ela presta. Eu fiquei com dó do menino porque eu o amo muito e ele não tem culpa da mãe que tem. Como pode uma mãe não querer saber do filho? Outro dia cheguei em casa às 9 da noite e o menino ainda não tinha jantado. Quando ela engravidou, ela e o namorado disseram que iriam assumir a criança. 5 anos depois ninguém ainda assumiu nada. Quem assume sou eu. Tenho vontade de botar ela para fora de casa mas penso no meu neto e tenho medo de que a doida da mãe dele deixe alguma coisa acontecer e eu me sentir culpada. O que é que eu faço?”

Existe uma lenda a respeito da maternidade e da maternagem. Essas duas condições não estão necessariamente interligadas. Ter um filho não desperta automaticamente a capacidade de lidar com ele na pura essência do que isso envolve ou seja dar amor, cuidado e tudo o mais que uma criança necessita. Muitos homens cumprem de forma muito eficiente es
sa função. A maternagem não diz respeito exclusivamente às mulheres e tampouco à própria mãe da criança. Haja vista que homens e mulheres adotam crianças e em muitos casos adaptam-se bem às todas as demandas e exercitam a maternagem de forma bastante eficiente. Portanto não é também uma questão biológica. Ou mesmo casais que optaram em abrir mão temporariamente do trabalho do homem, ficando este em casa cuidando dos filhos. Este padrão é visto com freqüência em países desenvolvidos. Ou avós que, cada vez com maior incidência, cuidam de seus netos pelas mais diversas questões.

No seu caso, acredito que o melhor a fazer é assumir uma posição. Parece que v
ocê se preocupa muito com seu neto e tudo o mais que o cerca. Se sua filha não se posiciona em relação à própria vida, cabe a você tomar uma atitude. E se o seu neto é uma pessoa importante para você, integre-o à sua vida de forma completa e exija um posicionamento da sua filha que já tem idade suficiente para lidar com as próprias dificuldades. De nada adianta um bate boca a respeito de uma situação bastante conhecida e, ao mesmo tempo, continuar endossando o tipo de conduta que ela vem adotando rotineiramente. Tenha uma conversa franca com ela, exponha as suas intenções em relação ao menino e faça o melhor por ele. Talvez apenas uma conversa não seja suficiente. Insista e em algum momento exija novamente um posicionamento. Responsabilize-a pela própria vida assim como com a vida do seu neto. Acredito que o mais importante é ensinar à sua filha que na vida existem sempre várias opções para lidar com uma mesma situação e que somos responsáveis tanto pelo que fazemos como também pelo que deixamos de fazer. Com o meu melhor abraço.