17 de dezembro de 2009

Sofrimento psíquico do desempregado




Quando se fala em saúde subentende-se a manutenção de certos hábitos na vida cotidiana. Ginástica, alimentação adequada, um número razoável de horas de sono à noite. Mas o que dizer quando a condição psíquica é avassaladora? Além da questão financeira, repercussões graves surgem no mercado de trabalho e poucas são as empresas que de forma coerente 'desligam' seus funcionários. A situação do desempregado envolve questões legais e profissionais e muitos possuem, além da urgência, a insegurança de se lançarem no mercado exercendo uma função diferente.

A (des) ordem conjugal e/ou familiar compromete o desempenho escolar dos filhos que sofrem com o ambiente doméstico ou com mudanças inesperadas de colégio e consequente círculo de amizades. A necessidade de mudar de bairro ou cidade por conta de uma situação financeira incerta causa uma dificuldade de entrosamento em um novo grupo. O vazio existencial sofrido pelo desempregado é gerado por uma grande perda de auto estima, fragilidade financeira e a incerteza do mercado de trabalho. Sentimentos que irão refletir na dinâmica familiar. O parceiro pode sentir-se sobrecarregado e solitário com tantas responsabilidades. Todos são afetados.

Em outros casos, pessoas que durante anos dedicaram-se de forma exclusiva à profissão e abdicaram de um vínculo conjugal ou que por outras razões não conseguiram fortalecer seus laços familiares, mantendo seus vínculos mais fortes no ambiente de trabalho, sentem-se órfãs e desamparadas no momento em que são demitidas. 

O trabalho é via de acesso para o lugar que o sujeito vai ocupar na família e na sociedade levando-o a acreditar que será reconhecido se ele produzir. Os sentimentos de fracasso e exclusão afetam o desempregado em suas relações afetivas e, visto que o trabalho é uma forma de subjetivação e inserção social, a falta de reconhecimento dentro do meio em que vive pode vir a ocasionar doenças psicossomáticas.

Os que trabalham excessivamente, os chamados ‘workaholics’, tem papel social marcante, mas a preocupação sobre a saúde do desempregado ainda caminha lentamente.

Aqueles que sofrem psiquicamente com a situação de desemprego sentem-se comprometidos moralmente pela exclusão e dificuldade de uma nova colocação, porém o entendimento de ‘estar desempregado’ diz respeito à uma condição transitória e não é sinônimo de ‘não-ser trabalhador’.