Quando
se fala em saúde subentende-se a manutenção de certos hábitos na vida
cotidiana. Ginástica, alimentação adequada, um número razoável de horas de sono
à noite. Mas o que dizer quando a condição psíquica é avassaladora? Além da
questão financeira, repercussões graves surgem no mercado de trabalho e poucas
são as empresas que de forma coerente 'desligam' seus funcionários. A situação
do desempregado envolve questões legais e profissionais e muitos possuem, além
da urgência, a insegurança de se lançarem no mercado exercendo uma função
diferente.
Em
outros casos, pessoas que durante anos dedicaram-se de forma exclusiva à profissão
e abdicaram de um vínculo conjugal ou que por outras razões não conseguiram
fortalecer seus laços familiares, mantendo seus vínculos mais fortes no
ambiente de trabalho, sentem-se órfãs e desamparadas no momento em que são
demitidas.
O
trabalho é via de acesso para o lugar que o sujeito vai ocupar na família e na
sociedade levando-o a acreditar que será reconhecido se ele produzir. Os
sentimentos de fracasso e exclusão afetam o desempregado em suas relações
afetivas e, visto que o trabalho é uma forma de subjetivação e inserção social,
a falta de reconhecimento dentro do meio em que vive pode vir a ocasionar
doenças psicossomáticas.
Os
que trabalham excessivamente, os chamados ‘workaholics’, tem papel social
marcante, mas a preocupação sobre a saúde do desempregado ainda caminha
lentamente.
Aqueles
que sofrem psiquicamente com a situação de desemprego sentem-se comprometidos
moralmente pela exclusão e dificuldade de uma nova colocação, porém o
entendimento de ‘estar desempregado’ diz respeito à uma condição transitória e
não é sinônimo de ‘não-ser trabalhador’.