25 de janeiro de 2010

Ele é meu



“O ser humano é muito difícil de ser entendido. Diz que ama, mas trai ou mata. Põe um filho no mundo, mas se arrepende e abandona. Prejudica a natureza, mas não vive sem ela. Agora eu pergunto à você: amo o meu marido, mas desconfio dele. Ele não comemora datas importantes junto à família dele por minha causa. Não falo com a tia dele. Ano passado ele brigou com o irmão e eu quase briguei também. Graças à Deus eles voltaram à se falar e a paz reina entre todos da família. Mas, segundo meu marido, não teria clima se eu estivesse junto à família dele. Sei que sou muito ciumenta, chata, intrigueira. Acho que sou uma boa dona de casa, mas sei que isso não é tudo. Às vezes tenho vontade de falar com a mulher do meu cunhado, mas me falta coragem para escutar a verdade. Gostaria muito da sua ajuda.”

Sua vida parece misturada com a de seu marido. Você não sabe mais quais são as suas próprias questões e quais são as dele. Não há separação. Porque você acha que deve se envolver nas brigas dele com a família? Em todo casal deve existir uma linha invisível separando a vida de cada um. Viver junto significa viver com alguém que se ama, respeita e permite ser amado apesar das diferenças.

Conviver com as diferenças é dominar a arte do bem viver. Exige prática diária e, como todo aprendizado, requer tempo e paciência.

Você diz que não fala com algumas pessoas da família dele. Entre vocês dois a comunicação também parece comprometida. Subjacente ao diálogo existe desconfiança. A briga é a dificuldade de um diálogo maduro quando as opiniões divergem, impossibilitando a convivência de uma forma harmoniosa e partindo-se, então, para a agressão verbal.

Você sabe o que acontece com você e o que poderia ter feito para que as brigas não acontecessem. Porém ter consciência disso não basta para que você mude. Algo inconsciente a impulsiona e você age dessa maneira. Ser boa “dona” de casa não quer dizer ser dona de tudo, incluindo o marido. Ele é uma pessoa, você outra. Porque você cria condições para afastá-lo dos parentes e quer manter o relacionamento assim, sem dividi-lo com o resto do mundo?

O impulso agressivo sempre retorna mesmo sabendo que poderia ter agido de uma forma apaziguadora no calor das emoções. Claro que é possível recomeçar, mas você deve procurar saber porque age sempre da mesma forma.