9 de novembro de 2009

Sexo na terceira idade





A dificuldade em aceitar a idéia do sexo na maturidade era grande. Essa mudança provavelmente é o resultado da condição sócio econômica modificada, o aumento da longevidade, o avanço de uma ampla gama de medicamentos e tratamentos, além de toda a tecnologia de aparelhos médicos capazes de detectar anormalidades no corpo com muita antecedência. Fora isso, a possibilidade de se discutir sobre o sexo tornou-se possível e natural. A vida sexual do idoso foi “estimulada” com a descoberta de medicamentos facilitadores do desempenho no momento da relação sexual. Além disso, um maior esclarecimento da vida sexual foi surgindo. Tempos atrás o papel social do idoso resultava em determinado perfil psicológico que mais se aproximava à um estigma.
O estigma, sendo marca que as outras pessoas colocam sobre alguém é tarefa difícil de se libertar. A pessoa na terceira idade carrega alguns:

* De um Ser Superior. Alguém cuja figura é norteadora da organização familiar o qual todos buscam para alguma orientação e prestam reverência. Está acima de todos os membros da família. É dominante e dominador.
* Outra vezes o idoso é percebido como uma pessoa doente. Sempre adoecido (alguém serve de porta voz para anunciar que “ele hoje não está bem”) forma-se um revezamento para levá-lo ao médico e à exames a maior parte do tempo e adota-se uma postura maternal frente à ele, infantilizando-o. Condição que irá certamente dessexualizá-lo.
*Finalmente e não menos importante, o idoso assanhado. Que muitas pessoas referem-se como “velho tarado” e que “fala muita bobagem”, quando na verdade a pessoa pode estar sendo acometida por uma senilidade ou querendo simplesmente fazer graça para chamar um pouco de atenção e assim demanda amor.

Em qualquer das três situações o idoso poderá criar a sua identidade. Irá assumir o perfil proposto para ele. Por pertencerem à outras gerações, algumas vezes trazem na própria experiência de vida, a herança cultural de que deveriam cumprir o seu papel dentro da vida conjugal. E quando um deles se confronta com a perda definitiva de seu parceiro a situação se complica. Além da questão da perda, em ter de atravessar o luto pelo ente querido o qual conviveu por tantos anos, ele terá a difícil tarefa de criar condições para reiniciar a vida e estabelecer novas relações de afeto.

Libertar-se de um estigma não é fácil. E muitas vezes por conta da carência de atenção dos familiares ou pelo medo de ficar só, o idoso ”veste” um desses perfis para ter o carinho do outro.


Criando-se uma grande distância, quando é considerado o patriarca (ou matriarca); ou tratando-o como um ser permanentemente adoecido e infantilizando-o; ou sendo motivo de piada e achando graça em tudo o que ele faz, a questão é que o idoso deve ter acesso à um ambiente favorecedor de relações verdadeiras sendo reconhecido em sua maturidade e respeitado pela sua condição. A psicoterapia bem conduzida pode ajudá-lo a criar recursos internos para que se sinta valorizado e acreditando estar apto à viver uma vida sexual plenamente.

6 de novembro de 2009

Dor física e violência psíquica



As mulheres vítimas de violência são menos resistentes à dor. Essa afirmação foi feita à partir de uma pesquisa em um hospital nos Estados Unidos e publicado na Medscape, site internacional de publicações médicas. Além da dificuldade em tolerar a dor no corpo, apresentam um persistente estado depressivo e muitas possuem tendência ao suicídio e ao sexo sem proteção. Nos Estados Unidos 40% das mulheres entre 18 e 64 anos já passaram por pelo menos uma experiência de violência seja abuso sexual na infância, estupro ou espancamento. No Brasil a situação não é muito diferente. A cada 4 minutos uma mulher é agredida dentro ou fora de casa por alguém com quem possui relação de afeto. Passam então a sentir dores por toda a vida sem conseguirem chegar à um diagnóstico final que explique sua origem.

A fibromialgia, por exemplo, doença caracterizada por dores generalizadas na coluna e no corpo associada a cansaço permanente e depressão, aponta que 10% das mulheres que apresentavam essa doença haviam sido vítimas de abuso sexual. O agravante de toda essa situação é que apenas um terço das mulheres conta para o médico terem sofrido algum tipo de abuso. A maioria não revela o passado de violência por medo e principalmente vergonha. Um tratamento eficaz se estabelece na confiança depositada no médico, pois ele poderá diagnosticar que a doença física tem sua origem em um sofrimento psíquico podendo prescrever ao paciente antidepressivos e tratamento psicoterápico.