Um
dos problemas mais comuns para quem tem maus hábitos está no fato de, na
maioria das vezes, não saber como aquele tipo de comportamento se originou.
Algumas vezes ao desenvolver um padrão, na verdade se age por conseqüência do
meio em que se vive, um reflexo do comportamento predominante do ambiente, como
um contágio. E deve-se estar atento à isso.
Mantenho
determinados hábitos diários e procuro otimizar minhas tarefas para que meu
tempo seja melhor aproveitado em coisas que realmente aprecio… Portanto vou aos
mesmos lugares e isso inclui o supermercado em que faço minhas compras.
Confesso que essa é uma daquelas tarefas que preferia não fazer, mas como não
tenho alternativa, vou a uma loja silenciosa onde o ar condicionado funciona
bem e, principalmente, sem aquelas pessoas gritando no microfone as últimas
promoções. Mas um detalhe sempre me intrigou. A maioria dos funcionários tem o
semblante sério, aquele jeito de “poucos amigos” e sempre havia um reclamando do
salário, da carga horária, do chefe da seção ou de alguma doença e isso
infelizmente chegava aos meus ouvidos. Um dia não me contive e perguntei:
“Porque os funcionários daqui reclamam tanto?” Temerosa da reação da
funcionária me surpreendi quando ouvi a resposta, em tom arrastado, acompanhada
de um sorriso forçado. “Porque aqui o
cliente tem sempre razão. O funcionário não vale nada. A gente engole sapo de
todo o mundo.”
“O
cliente tem sempre razão” adquire um tom de verdade absoluta que atrapalha o
sono de muita gente. Caixas, vendedores, comissárias de bordo, operadores de
telemarketing, segmentos que trabalham diretamente com o público ou ambientes
corporativos onde se disputam o quinhão de um mercado altamente competitivo, se
vêem as voltas com um intenso e desumano desgaste psicológico e físico.
Empregos altamente estressantes e, muitos deles, mal remunerados frequentemente
deixam o funcionário com sentimento de desamparo e vulnerável à todo tipo de
enfermidades. Trabalhos onde se tem de engolir sapos o dia inteiro elevam o nível
de absenteísmo decorrente da insatisfação profissional, da desvalorização
pessoal e promovem o surgimento de doenças reduzindo drasticamente o índice de
produtividade.
Tudo
o que ameaça a vida gera um estresse positivo e por conseqüência uma resposta adaptativa
com taquicardia, concentração aguçada e estado de alerta sem que isso seja
considerado maléfico para o indivíduo em um primeiro momento. No entanto, se o
agente estressante permanece atuando, o corpo entra em um estágio de
esgotamento a estímulos permanentes e excessivos. Trocando em miúdos, o que
isso quer dizer? Que muitas doenças são decorrentes de estresse e tensão do
ambiente de trabalho gerando queda de cabelo, falhas de memória, insônia,
gastrite, artrose, hipertensão, problemas no coração, na tireóide, além de
fobias, depressão e quadros de pânico. Fases que requerem ajuda psicológica. Do
ponto de vista científico quando o estresse chega à etapa de quase exaustão o
sujeito encontra-se em seu momento crítico, pois é a fase clínica, quando o
tratamento inevitavelmente se faz necessário.
Os
fatores psicológicos geradores de estresse devem ser considerados pelas
empresas em seus programas de treinamento. Novos procedimentos devem ser
adotados para lidar com o estresse gerado por clientes nervosos e,
principalmente, promover um clima favorável e de confiança no meio de trabalho.
Paradoxalmente
o desemprego é um dos fatores mais estressantes ao mesmo tempo em que pessoas
empregadas agüentam muita coisa por medo de perder o emprego.
E
se no seu local de trabalho o chefe não está nem aí e você não encontra uma
solução no momento? O mais seguro é que sejam desenvolvidos recursos internos
para lidar com um ambiente difícil, conflituoso e estressante ao mesmo tempo em
que procura outra colocação no mercado de trabalho. Difícil? Pode ser. Mas a
busca de alternativas além de criar estímulo para suportar a situação irá
favorecer um novo horizonte e, sobretudo, é a melhor saída para que o brejo
seja definitivamente desocupado.
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