18 de fevereiro de 2010

A família dela é um inferno


“Tenho 40 anos, fui casado durante 10 anos e estou em processo de separação. Tenho uma filha de 6 anos. Estou namorando há alguns meses uma mulher maravilhosa de 29 anos e estou apaixonado. Porém ela teve uma experiência traumática com um homem na mesma situação em que me encontro, ou seja, em vias de separação. No final ele terminou com ela e voltou para a mulher. O nosso namoro é maravilhoso, passamos muito tempo juntos e fazemos planos. Depois que conheci a família dela nossa relação virou um inferno. Eles começaram a encher a cabeça dela dizendo que a estou usando, que vou abandoná-la e voltar para minha ex. Dizem que vou magoá-la da mesma maneira como o seu último namorado. Sei que ela me ama e ela sabe que não volto para minha ex. Meu receio é que ela seja influenciada pela família a ponto de me largar. O que faço?”

Você ainda não separou definitivamente da mãe de sua filha e isso pode estar causando uma insegurança geral, inclusive em você. Será que o namoro é tão sólido assim para todo esse planejamento futuro ou é uma paixão entre pessoas que acabaram de sair de relações traumáticas? Você está começando uma nova fase da vida. Ainda nem fez o luto de uma relação que durou 10 anos e já entra com tudo em outra experiência. Vamos ser realistas. Entendo quando você diz que a família dela está transformando sua vida em um inferno. Mas tudo acontece com a autorização de sua namorada que, como mulher adulta, teria condições de decidir a própria vida. Interessante o fato dela se envolver com o mesmo padrão masculino, recém separado. Será que, no fundo, ela quer que essa relação dê certo? Formar um vínculo requer maturidade e ela tem os próprios motivos inconscientes para repetir a escolha. E você? Será que quer um compromisso no momento? Afinal você ainda é casado e deve resolver suas questões com tranqüilidade. Uma de cada vez. Talvez você não queira sentir-se sozinho por um tempo e o fato de ter outra mulher depois de 10 anos de casamento esteja deixando-o confuso. Mesmo tendo a certeza de que não irá voltar para a ex, esse processo de luto exige elaboração e, de preferência, sozinho. Viva um momento de cada vez na sua vida. Ultrapassado o processo de separação você irá adquirir experiência para agir de forma mais sensata e fazer escolhas com maturidade.

12 de fevereiro de 2010

Amigos imaginários




Para quem acredita que os filhos pequenos conversam com “espíritos” e para aqueles que não sabem que esse recurso alivia o sofrimento de muitos.

Uma em cada três crianças nutre temporariamente uma relação existente apenas na fantasia – o que não é motivo para preocupação. O curioso é que também adolescentes e adultos, em especial idosos, usam esse recurso para superar fases difíceis

Vivemos tempos em que conversar com gente que nunca vemos não é nada incomum: perambulamos por chats, blogs e twitter e trocamos informações e segredos com pessoas com quem mantemos relacionamentos virtuais, às vezes bastante íntimos. Mas e quando uma criança “cria” um amigo imaginário – brinca, fala e até mora com ele, como se fosse real? Esse fenômeno, que surge principalmente entre 3 e 7 anos, não é tão raro. Quando pais e educadores percebem a existência desses companheiros invisíveis quase sempre ficam preocupados. Uma mãe escreve em um fórum on-line: “Nosso filho de 5 anos tem falado há três dias de ‘sua amiga Pia’. Ela só existe em sua imaginação, mas parece ser absolutamente real para ele. Ele se comporta como se pudesse vê-la! Nós não tivemos esse tipo de experiência com sua irmã três anos mais velha. A amizade com ‘Pia’ parece fazer bem ao nosso filho, mas nós nos preocupamos mesmo assim. Será que devemos deixá-lo com sua fantasia ou tentar convencê-lo a abandoná-la?”.

Mas os pais podem respirar aliviados, pois todos os estudos sobre esse fenômeno chegam ao mesmo resultado: não há motivo para preocupações! Os amiguinhos imaginários têm sido estudados de forma intensiva há muito tempo, nos últimos 100 anos, mas poucos psicólogos se dedicaram a esse tema. E há um ponto em comum: todos concordam que os amigos imaginários estimulam o desenvolvimento das crianças, podem suprir eventuais lacunas afetivas e ajudam na elaboração de questões psíquicas.

Para os mais novos, o amigo “de mentirinha” é quase sempre um companheiro de brincadeiras que pode estar “presente” também à mesa na hora das refeições, ser chamado pelo nome, mas não raramente acompanha a criança durante todo o dia. Alguns pesquisadores afirmam que praticamente todos nós temos um parceiro imaginário em um determinado estágio do desenvolvimento – porém, ele quase nunca é descoberto pelos adultos e a própria pessoa normalmente não se lembra disso mais tarde.

Os acompanhantes invisíveis são frequentemente crianças da mesma idade de seus criadores – como, por exemplo, Sebastian Nigge, o amigo imaginário de Madita, personagem do livro de mesmo nome, de Astrid Lindgren. Podem ser também animais, magos ou super-heróis. Alguns cabem no bolso e podem ser levados para todo lugar – como o canguru invisível Pantouffle no filme de Hollywood, Chocolate, de 2000, dirigido por Lasse Hallström.

Revista Mente e Cérebro
edição 205 - Fevereiro 2010

Para ler a matéria na íntegra: